sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Calendário

Aula 1 (15/2)
Aula 2 (17/2
Aula 3 (
Aula 4
Aula 5
Aula 6 (30/3) - 2.8. e 2.9. Uma crónica de Lobo Antunes - ou uma ficção? «FMI» de José Mário Branco. Heterofonia e polifonia. 
Aula 7 (1/4) - Cultura de massa: alguns traços distintivos. A paródia como palimpsesto crítico. 
Aula 8 (6/4) - 0. Pode uma resposta «errada« ser «certa»? (Um poema de Aleixo atribuído a Bocage: não está certo, mas o princípio de aproximação é certo.
1. Três templos: Fushimi-inari, Muro das Lamentações. S. Domingos.
2.Das minorias. Aqui.
3. O escultor como modelo do artista que escuta o material, não impõe apenas a sua vontade.
4, Há literatura quando a comunicação deixa de ser «evidente». 
Aula 9 (8/4)
Aula 10 (13/4) - I. Sermão de domingo
1. Descobrir a pólvora. Há um entendimento negativo desta expressão - «Julgas que descobriste a pólvora?» aplica-se a quem mostra presunção de ter dito ou encontrado algo de extraordinário, quando na verdade tal não aconteceu. Descobrir a pólvora é no entanto também uma coisa boa: exercitarmos as «little grey cells», chegando por nosso próprio esforço às nossas conclusões, em vez de meramente termos ido ler as soluções. Neste sentido, há toda a diferença entre quem lê Os Maias e quem se limita a ler os resumos e as análises já feitas.
Desenvolver o espírito crítico é isso: pensarmos pela nossa cabeça, arriscarmos as nossas opiniões, cometermos os nossos próprios erros. É uma aventura. Talvez não seja a melhor do mundo mas é a nossa.
2. Adquirir competências.
2.1. Qual a aplicação directa do que lemos? Não é evidente. E não há, em princípio, relação entre a leitura e a vida. Mas...
2.2. Um exemplo pessoal. Um jovem andei à boleia: sim, polegar esticado Europa fora. Sem o saber, estava a adquirir competências que me seriam úteis mais tarde, dentro e fora das minhas várias profissões. Paciência: cheguei a estar oito horas sem apanhar boleia. Tenacidade: acabei sempre por apanhar boleia.  Que por vezes há um surpreendente prémio: uma vez, anoitecia e já eu desesperava, um simpático português apanhou-me em Bayonne e disse que vinha directamente para Portugal A importância de adquirir competências: e ele perguntou-me se eu tinha carta - respondi-lhe que era menor. (Mas decidi naquele momento tirar a carta - eu que nunca quis ter carro, e só depois do 11 de Setembro de 2001, momento fundador do século XXI, obtive um porque as deslocações de avião se tornaram durante alguns anos muito onerosas, sobretudo para uma família.) A pagar, ajudando desconhecidos, a dívida que não posso pagar a quem então me ajudou - por coincidência, o tema mesmo de Pay it forward (2000), um simpático filme com Kevin Spacey, Helen Hunt, John Haley Osment e... Jon Bon Jovi. Que saber línguas é importante. Que ter mundo dentro e ver mundo fora é interessante. O que posso fazer (naquele tempo, os riscos e as facilidades eram diferentes para rapazes e raparigas à boleia).

II. Apresentação de trabalho do Diogo. 
1. Do sampling à colagem.
2. Da colagem à montagem.
3. Plágio, intertextualidade, homenagem, inovação.
4. Alguns exemplos: dos Public Enemy a Sam The Kid.
5. Sam: À procura da perfeita repetição. Letra aqui
Aula 11 (15/4)
Aula 12 (20/4) - Não houve aula por deslocação de serviço. 
Aula 13 (22/4)
Aula 14 (27/4)
Aula 15 (29/4) - Investigue: Alberto Pimenta, Ernesto Melo e Castro, Ana Hatherly, Fernando Aguiar. Poesia Concreta, poesia experimental, livro-objecto, poema-processo.E no Brasil: Haroldo de Campos, Glauco Mattoso, Hilda Hilst, Eduardo Kac. Um poema-processo de Fernando Aguiar (começa ao minuto 1'45)
Aula 16  (4/5)
Aula 17  (6/5) - 
1. O meu pai dava aulas de desenho
1.1. Educação visual, digo. Numa altura em que elas passaram a chamar-se aulas de «Educação Visual». A tónica é clara: não mais treinar apenas o jeitinho, o talento, mas ajudar o aluno a expressar-se. Uma disciplina formativa mais do que informativa, junto com (digamos) outros três pilares: educação musical, matemática, português. O meu pai usava um método simples para ajudar o aluno a libertar-se de vícios e tiques: se o desenho era miudinho dava-lhe uma folha grande: «Agora usa o espaço todo.» E vice-versa.
A ideia era adquirir flexibilidade. Carlos, nãao Eusebiosinhos.
1.2. Um bom cidadão é útil?
1.2.1. Sem dúvida - se o puder ser, maravilha. A questão (e é ideológica) é se a prioridade é «ser útil» ou «ser feliz». O que, na equação, está em cima - o que (para usar uma expressão recorrente em aula) é essencial e acessório.
1.2.2. E cito o novel Presidente da República: «O importante é que as pessoas sejam felizes.» Daqui.
1. 3. Um exercício simples de acuidade visual, este dos 9 pontos. A regra é clara, infelizmente choca com outra regra, que está dentro da nossa cabeça. Por que motivo a uns alunos que falharam eu aplaudo e a outros censuro? Pelo esforçom pelas sucessivas tentativas.
1. 4. E a realidade? «(...) Expliquei-lhe: a realidade não mudou, mas mudou o modo como lidamos com ela. Ou seja, a realidade mudou.» Daqui.
2. Acção poética. Apresentação de trabalho (Ana Beatriz F. Paula).
2.1. O Movimento +-.
2.2. Discussão: quem tem razão?
2.3. Efémero, lúdico, com materiais pobres, acontecimento único (mas registado).
2.4. A legitimação.
3. Os textos de Shakespeare, no suporte papel, estão como que em coma: crocodilos em letargia esperando a presa. Qualquer texto anima-se quando tem um leitor. Mas um texto teatral anima-se quando tem um intérprete. E se ele foi excelente, o texto ganha toda uma quantidade de texturas e sabores.


Introdução e Programa

POR FAVOR, enviem o vosso mail para o
Docente responsável: zink.rui@gmail.com
a fim de serem convidados para co-autores deste blogue.

Este é o blogue da disciplina de opção livre de Literaturas Marginais. Não é necessário frequentar um curso de literatura, embora ajude, porque esta é uma cadeira de literatura.
O semestre começa com a ausência do docente responsável - pelo que desde já me penalizo. Contudo, tenho a sorte de ter bons colegas e excelentes professores que vos darão masterclasses em matéria da qual são especialistas. Habitualmente, convido-os a meio, desta vez inverteremos um pouco as coisas. Também isto tem a ver com literatura, a adaptabilidade ao terreno.

O blogue conta com a vossa autoria. Nele espero que todos possamos partilhar textos e micro-ensaios, comentários avulsos que tenham a ver com o âmbito da cadeira.

E qual o âmbito da cadeira? Boa pergunta.

Em Literaturas Marginais são apresentados aos alunos subgéneros e textos que, por uma ou outra razão, não são pacificamente aceites como fazendo parte do campo literário. Temos uma primeira divisão em dois grandes grupos: paraliteraturas impressas e paraliteraturas expressas.

O termo paraliteratura foi cunhado por Gérard Genette, e significa, à letra, algo que está próximo, ao lado da coisa literária. Parte da discussão é precisamente se o texto X ou a variante Y são/estão literatura.

O modelo seguido é o da amostra médica. Apresenta-se uma variante - digamos, uma gaveta conceptual - e em seguida um texto exemplar, quer representativo do género, quer quebrando o clichê sobre o género. Se possível o texto proposto será em português mas não necessariamente. No caso do policial propomos Um imenso adeus, de Raymond Chandler e/ou A mão esquerda do diabbo, de Dennis McShade. Mas o aluno pode (e faz muito bem) ler outros textos.

O critério para escolha dos textos pode ser o da sua importância (o caso de Solaris, de Stanislaw Lem, para a FC) mas pode também ser apenas - ou sobretudo - o de coincidir com os interesses do docente. Se no caso do humor/sátira escolho falar de José Vilhena e não de Lucrécio ou do Diabinho da Mão Furada é porque já escrevi livros sobre Vilhena.

Mail do docente: zink.rui@gmail.com
O objectivo desta cadeira de opção é reflectir sobre um leque, não coerente, de géneros e formas que, de algum modo, não são geralmente integradas no (também discutível) cânone do que é considerado “literatura”. Fica claro que o programa não esgota o que possa ser “literatura marginal”. Cada item será acompanhado por um estudo de caso.
1. Literatura marginal 
1.1. Há um cânone literário?
1.2. Marginal – um conceito equívoco
1.3. Cultura popular e cultura de massa
1.4. O século XX: fronteira e (com)fusão
1.5. «Toda a literatura é marginal»?
1.6. «Toda a poesia é experimental», como diz Gastão Cruz?
1.7. O escritor marginal. Luiz Pacheco, Charles Bukowski.
2. Paraliteraturas impressas 
2.1. Literatura de cordel O caso do Brasil
2.2. Literatura oral e tradicional
2.3. Máquinas narrativas: o romance policial. Dennis McShade e A mão direita do diabo
2.4. Ficção científica ou ficção política? Stanislaw Lem, Solaris 
2.5. Imprensa do coração A fotonovela de Corin Tellado
2.6. Sátira e humor. José Vilhena, Alberto Pimenta, Mário-Henrique Leiria
2.7. Banda desenhada/Literatura gráfica Vânia, Escala em Orongo
2.8. A crónica. Lobo Antunes, Miguel Esteves Cardoso
2.9. Escritores de canções. Sérgio Godinho, Leonard Cohen
2.10. Outras
3. Paraliteraturas expressas 
3.1. Teatro/happening/performance Felizes da Fé
3.2. Poesia visual/experimental Po.Ex (Hatherly, Melo e Castro), Fernando Aguiar
3.3. Livro objecto /Mail Art. Fernando Aguiar/José Oliveira
3.4. Cinema. Vale Abraão (Agustina e Oliveira)
3.5. Rádio/TV Dennis Potter
3.6. Internet, hipertexto, e-leitores Os Surfistas, Arquivo Pessoa
3.7. Blogues, Twits
3.8. Slam Poetry. Os Poetas do Povo. O Rap.
3.9. O Facebook.
2.10. Outras
Bibliografia activa
ARAGÃO, ANTÓNIO [1966]um buraco na boca. Funchal: ed. do A.
AGUIAR, Fernando (1981), O Dedo, Lisboa, Ed. Do A.
BARTHES, Roland (1977), Fragments d'un Discours Amoureux, Paris, Seuil. Ed. ut.: Fragmentos de um Discurso Amoroso, Lisboa, Ed. 70, s.d.
BAXTER, Glen (1990), The Billiard Table Murders, London, Picador
CÓRTAZAR, Julio (1967), La Vuelta al Dia en Ochenta Mundos (2 tomos), Madrid, Siglo XXI de España, 1973
MILLER, Frank (1987), The Dark Knight Returns, New York, DC Comics
MOTA, Augusto; DIAS, Nelson (1973), Wanya – Escala em Orongo, Lisboa, Gradiva 2008
PINTO, Júlio;SARAIVA Nuno (1996), Filosofia de Ponta, Lisboa, Contemporânea
RODRIGUES, Graça Almeida (1981), Vida e Obra de Frei Lucas de Santa Catarina, Lisboa, Imprensa Nacional
HATHERLY, Ana (1975), A Reinvenção da Leitura - Breve Ensaio Crítico seguido de 19 Textos Visuais, Lisboa, Futura
McCLOUD, Scott (1993), Understanding Comics – The Invisible Art, Northampton MA, Kitchen Sink Press
OULIPO (1973), La Littérature Potentielle, Paris, Gallimard
SPIEGELMAN, Art (1986), Maus – A Survivor's Tale, Vol. I., New York, Pantheon. Ed. ut.: Maus, Lisboa, Difel, 1988 (1991), Maus – A Survivor's Tale,Vol. II, New York, Pantheon. Ed. ut.: Maus, Lisboa, Difel, 1995
VONNEGUT, Kurt (1973), Breakfast of Champions, London, Cape Bibliografia passiva
Bibliografia passiva
BORQUE, J.M. DIEZ (1972), Literatura y Cultura de Masas, Madrid, Al-Borak
BOURDIEU, Pierre (1992), Les Règles de l'Art – Genèse et Structure du Champ Littéraire, Paris, Seuil
CASTRO, Ernesto Melo e; HATHERLY, Ana (1981), Po.Ex – Textos Teóricos e Documentais da Poesia Experimental Portuguesa, Lisboa, Moraes
LOPES, Silvina Rodrigues (1994), A Legitimação em Literatura, Lisboa, Cosmo
-- PIMENTA, Alberto (1978), O Silêncio dos Poetas, Lisboa, Regra do Jogo
-- (1994) A Magia que tira os Pecados do Mundo, Lisboa, Cotovia
SARAIVA, Arnaldo (1974), A Crítica Literária e a Crítica Literária em Portugal, Porto, FLP
-- (1975), Literatura Marginal izada, Porto, s.e.
-- (1980) Literatura Marginal izada, Porto, Árvore
ZINK, Rui (1999), Literatura Gráfica, Lisboa, Celta
-- (2000) O Humor de Bolso de José Vilhena, Lisboa, Celta
Netografia
http://www.nfb.ca/film/ladies_and_gentlemen_mr_leonard_cohen
http://arquivopessoa.net/
Luiz Pacheco (o documentário): https://www.youtube.com/watch?v=vs72TLvQa8k
Luiz Pacheco: O Cachecol do artista https://www.youtube.com/watch?v=kkaZyR2KpNE
Geração Feliz: https://www.youtube.com/watch?v=r7oL-Wfz4bI

Etc…