quarta-feira, 6 de abril de 2016

Da paródia

O exercício paródico implica o domínio dos códigos. No caso de códigos saturados - da pressão insuportável da cultura de mass media - o exercício paródico cumpre um desígnio «libertador»: uma pessoa sofre a pressão da cultura de massa (sofre a cultura de massa) mas liberta-se dela num movimento elegante de inversão/subversão.
E elegante porquê? Porque é quase invisível, muito parecido (no plano mental) com o golpe de rins que um judoca faz ao derrubar o adversário, ou o toureiro ao desviar-se da força bruta que é o toiro. (Eu sei, imagem pouco consentânea, eu sei - mas eu nasci no tempo em que as toiradas não eram «erradas», e não me peçam para conseguir fugir completamente ao espaço-tempo onde nasci, seria como esperar que um peixe doméstico não tivesse sido molhado pela água do aquário.)
A paródia implica o domínio dos códigos - por ambas as partes. E, quando isso não acontece, pode ser um sarilho.
Por vezes, a uma das partes falta um elemento singelo, que nem tem a ver com a paródia específica em si, pode ser mais anterior e mais vasto.
O uso da primeira pessoa numa ficção, por exemplo. Alguém que não saiba que o «eu» do poema ou do conto não é o eu da pessoa que escreveu o poema, apenas um «eu» interno ao texto (uma personagem, se quisermos) pode melindrar-se com o que é dito.
Mas esse risco é também um dos prazeres da paródia. O texto não pode ser - não naquele  momento - explicado.

Essa uma das diferenças entre o happening e a performance: esta última implica que a assistência saiba que está a assistir a um exercício poético/estético/etc., no caso da primeira isso já não acontece.
As consequências podem ser risíveis ou chatas:
Exemplo 1: A Cama, de José Vilhena.
2; O facebook.
3: A detenção dos Felizes da Fé por organizarem uma «manifestação política ilegal».
4: As «intervenções do público» em certas peças a partir dos anos 50. (Herdeiras, quiçá, dos jogos de laranjinha e outras pequenas vigarices urbanas.)
5: Um texto no FB no dia a seguir aos Panamá Papers (5 de Abril): 
UM DRAMA PESSOAL (conto moral)
Quando se chega à minha idade, a sedução perde-se. Eu sei que ainda sou bem parecido, e que as mulheres gostam todas é de quem as faz rir, etc., etc., blá blá. Tenho uma novidade: é mentira. As mulheres são como os homens: preferem o exterior ao interior. Preferem um tipo jovem, bem constituído, bronzeado e sem piada nenhuma a um gajo inteligente, sábio, cheio de humor, mas careca e flácido. Uma excepçãozita pode abrir-se de quando em quando, se a mulher for muito míope ou tiver graças a Deus a auto-estima em baixo, ou então (melhor aposta) caso o gajo mais velho e decadente acene com um potencial pote de oiro.
Foi o que eu fiz com a (não, não vou dizer o nome, já por uma vez ou outra descobri que a privacidade aqui no FB não é muito segura) quando lhe disse que tinha uma pipa de massa num offshore no Panamá.
Mais uma semanita e a coisa iria de feição... Mas tiveram ontem de me estragar o esquema! Hoje liguei-lhe a medo e ela, gélida como só as mulheres sabem ser, deixou cair: «Não vi o seu nome nas denúncias do Panamá, engenheiro...»
E desligou.
Engenheiro, ainda por cima disse-lhe que era engenheiro. Para que fui eu dizer que era engenheiro?!


Comentário de um leitor:
Nuno Miguel Gromicho Morais · Friends with Filipe Vidal
Deplorável texto e típico de ressabiado ao nível emocional. Bastava dizer que só lhe aparecem ou atraí mulheres interesseiras e infiéis... tão simples quanto isto

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Comentário (bem mais extenso) de outro: 
Miguel Ferreira Beauty smile emoticon
Por décadas, se não séculos, os homens têm se importado com as mulheres e as apoiam. Eles se casaram com mulheres que ganhavam muito menos e assumiam o encargo de suportar a
família. Eles fizeram isso, porque se esperava deles e porque era "a coisa certa a fazer".E muitos homens tinham orgulho de ser um bom provedor. Agora que os tempos mudaram e cada vez mais as mulheres têm uma carreira a ganhar tanto quanto os homens, ou até mais, elas mostram sua verdadeira natureza: Elas não querem ter o
fardo de sustentar uma família. E elas desprezam abertamente um homem que tem um estrato social mais baixo.
Homens no passado estavam dispostos a sacrificar a si mesmos para as suas famílias. Mas não esperem que as mulheres que têm um bom emprego façam o mesmo! Elas dizem claramente
que não querem isso.
Tanto para a "igualdade" e as mulheres que falaram sobre o desejo de ser "igual". Sim,
elas querem direitos iguais, mas nenhuma das responsabilidades que vêm com ela.
Nunca foi tão claro que as mulheres não se importam com o bem estar dos homens, se elas estão numa posição superior (financeiramente falando).
A maioria dos homens que vêem uma mulher na necessidade ou de uma mulher que precisa de ajuda, têm o impulso de
ajudar aquela mulher. Mulheres? Não tanto. A mulher que vê um dos homens que precisam de ajuda vai muitas vezes vêr-lo como um "fraco" e desprezá-lo.
Não espere das mulheres o que os homens demonstraram para com as mulheres ao longo dos séculos.
Este artigo apenas diz-lhe o que esperar da maioria das mulheres: NADA !?

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João Miguel Simões · 6 mutual friends
Cum catano smile emoticon
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Nana Ferreira · 5 mutual friends
Cima catano, mesmo!
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Paula AP Ai Miguel
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Alexandra Rocha Antunes · 3 mutual friends
Já nem sei o que o Zink escreveu, lembro que teve graça! MAS ESTE, Miguel Ferreira, GANHOU!!! cumué possível, lol
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Miguel Ferreira Eu tambem nunca pensei que fosse assim ! Somos tão descartaveis..grin emoticon grin emoticon https://www.youtube.com/watch?v=Ykw3lGoKSBU
LikeReply8 hrsEdited

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