quarta-feira, 23 de março de 2016

Dada

Dada
Dada, ou Dadaísmo, é um movimento intelectual e artístico que nasce em New York e simultaneamente em Zurich, em 1916. Tristan Tzara (1896-1963), e Hugo Ball (1886-1927), são os seus percursores. Mais tarde, juntam-se outros elementos, como: Marcel Janco, Richard Huelsenbeck, Hans Arp, Emmy Hennings e Hans Richter.

Ao longo dos anos vinte e trinta, logo após a Primeira Guerra Mundial, a sua influente doutrina expande-se para outras latitudes e procura abranger o maior número de seguidores para a sua filosofia de vida. Caracteriza-se pela tentativa de modificar a arte através da provocação e da rejeição dos valores instalados, respeitando o indivíduo na sua essência, sem influências exteriores do meio ambiente e valorizando a espontaneidade.

Rápidamente o Dadaísmo se difunde na Europa, especialmente em Paris, onde encontra enorme adesão nas diversas correntes vanguardistas. Transforma-se numa escola internacional de artistas e escritores que, revoltados com a enorme atrocidade, ferocidade e maldade da guerra, querem manifestar o seu descontentamento pela actuação dos homens naquela que foi uma das maiores causas de mortandade humana. Assume-se, deste modo, como uma corrente cosmopolita e de protesto, onde a burguesia e os seus valores morais condenáveis são criticados e um alvo a atingir, a destruir, a demolir.

André Breton, (1896-1966), colaborador e célula activa deste movimento, escreveu o primeiro Manifesto Surrealista (1924), onde defende uma escrita automática, espontânea, onde as palavras possam vir livres de qualquer influência da razão, verdadeiro automatismo psíquico, mas, indissociáveis da poesia, do amor e da liberdade, que são o cunho da personalidade de Breton.

A arte traz consigo novas técnicas onde transforma e inverte formas, reflexo de como estas se realizam/criam. Então, introduzem-se novas abordagens que se dizem artísticas como a colagem, a fotomontagem, ou mesmo o Ready-made. Aparece também a tipografia e o desenho que, utilizados na pintura, são um desafio para novos conceitos a incluir no novo movimento estético.

Tristan Tzara funda com Hugo Ball a revista Cabaret Voltaire, pretendendo informar que, para lá das guerras que cegam os homens, existe uma humanidade a ser purificada. Editam ainda uma outra revista de nome Dada, em 1917, onde publicam sete manifestos, as vozes dissonantes de valores existentes convencionados socialmente. Os seus leitores podem neles absorver ideias inovadoras e revolucionárias, rejeitando as instituições Família, Religião e Academias, assumindo-se contra todos os sistemas instalados nas áreas da Filosofia, Ciência e Estética. A independência, a liberdade para pensar, liberdade de criar são as bandeiras desta imprensa.

O Dadaísmo lega-nos uma grande doutrina filosófica, não estética. Coloca o Homem perante as questões das verdades instaladas, leva-o a tomar consciência sobre um destino colectivo. Do seu cepticismo vê nascer novos conceitos estéticos, concluindo que o Homem está em criação permanente.


                                                                                                                                  Manuela Achega

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